17 de mar. de 2014

15º dia sem cigarro

Definitivamente,  até agora este foi o pior dia de todos!

Acordei muito agitada e com uma vontade louca de voltar a fumar. Sabe aquele dia em que você cansa de ter forças e sente saudade daquela vida "tranquila" que você tinha quando fumava? Foi isso que aconteceu. Passei o dia com saudade do cigarro e por pouco, mas por muito pouco mesmo não fui na padaria aqui do lado da minha casa comprar um maço de cigarros. A sensação que eu tinha é que só assim eu conseguiria voltar a produzir, pois desde que parei de fumar não consigo fazer mais nada que exija concentração e raciocínio. 

Para aliviar essa angústia, comecei a escrever no blog e contar como tudo começou.
Ao longo do dia, a angústia foi piorando e, pela primeira vez nesses 15 dias sem cigarro, tive uma das tais crises depressivas que acompanham a abstinência da nicotina. Passei uma hora chorando sem parar, achando que não conseguiria viver sem o cigarro e que não ia conseguir passar por esse momento. Muito ruim essa sensação de tristeza sem um motivo aparente. Deu pra sentir como sofre um paciente com depressão, é uma tristeza profunda e inexplicável. Só quem já sentiu é capaz de entender.
E o que eu fiz para passar essa tristeza? Escrevi no blog... 

E assim acabou mais um dia sem cigarro...



2ª semana sem cigarro

O bupropiona terminou e agora? Não tenho receita médica para comprá-lo, o que fazer? Começo a usar o adesivo de nicotina? Mas logo agora que já estou sem nicotina há tantos dias... decidi não usar!

Nos 3 primeiros dias sem bupropiona não senti diferença em relação a quando estava usando. Voltei a fazer minhas atividades físicas diárias de yoga,  pilates e musculação. Continuei me alimentando bem, ingerindo apenas alimentos saudáveis, incluindo na dieta sucos verdes desintoxicantes, acrescentando agrião em todos os sucos que eu fazia, visto que este vegetal é excelente para o sistema respiratório, importante para quem pretende parar de fumar. Neste momento, comecei a me sentir melhor... mas não posso esquecer que nestes dias não precisei sair de casa, portanto, evitei estresses do dia-a-dia. Conversei com minha orientadora do doutorado, que foi compreensiva e permitiu que eu trabalhasse em casa. Então, nesta segunda semana sem o cigarro, só saí de casa para a academia, para ir ao supermercado e para ir à psicóloga (comecei a terapia assim que decidi parar de fumar, há quase um ano).

Então, quando cheguei no 11º dia sem cigarro o "bicho começou a pegar". E desde então estou passando os piores dias da minha vida (pelo ao menos é essa a sensação da abstinência). Foi então que decidi pedir ajuda ao google e comecei a procurar depoimentos de ex-fumantes, em busca de força. Acabei decidindo escrever sobre o que estou passando e dividir com outras pessoas as angústias deste momento. Posso dizer com total convicção que se não fosse esta válvula de escape, ou seja, se não fosse este blog, teria voltado a fumar no final desta 2ª semana.

E no meu 14º dia sem fumar, comecei a escrever neste blog para aliviar... e assim terminou minha 2ª semana sem cigarro...


1ª semana sem cigarro

No meu 2º dia sem cigarro, tomei um comprimido de bupropiona logo quando acordei. Queria tomar meu cafezinho preto matinal que adoro sem sentir aquela vontade louca de fumar depois, seria possível? Que nada... é claro que senti vontade de acender um cigarro depois do café, faço isso há mais de uma década, como não sentiria vontade? O hábito de fumar após o café é uma das sensações mais prazerosas que um fumante experimenta na vida. Mas consegui resisti, não fumei...
Passei o dia todo mentalizando o bem que estava fazendo ao meu corpo e relembrando todos os motivos que me fizeram parar de fumar. Tentei sentir minha respiração e pensar o quão estava fazendo bem ao meu pulmão parando de fumar.

Mesmo assim, toda hora lembrava do cigarro. Até porque um dos meus companheiros de viagem fumava um cigarro atrás do outro e aquilo me instigava a todo momento. Mas, fui forte e resisti ao meu 2º e 3º dias sem cigarro...

Foi então que o carnaval acabou e retornei para casa no meu 4º dia sem cigarro. Ainda estava tomando bupropiona todos os dias quando acordava. Mas agora não havia mais o sossego do passeio e eu precisava voltar ao trabalho. Havia separado os dias posteriores ao carnaval para adiantar trabalhos que eu poderia fazer em casa, sem precisar ter contato com pessoas na minha primeira semana sem cigarro, já que nos primeiros dias de abstinência são de extrema irritabilidade. Entretanto, não conseguia me concentrar no trabalho de maneira nenhuma. Precisava ler alguns artigos, pois estou no meu último ano de doutorado e preciso escrever um artigo urgentemente. Isso me deixou extremamente irritada e por pouco não voltei a fumar. Lembrei do quão difícil foram suportar as primeiras 72hs sem cigarro e não queria fraquejar.

E assim terminou minha 1ª semana sem cigarro...


1º dia sem cigarro

Um mês após o início do yoga, pilates e musculação (em outro post explicarei porque escolhi estas três atividades físicas para ajudar no tratamento), senti então que era o momento de largar de vez o cigarro. E escolhi uma data  não muito convidativa para este intento: 1º dia de Carnaval! Não, eu não sou maluca, entenda o porquê...

Como já disse em outras postagens, há quase um ano eu tento parar de fumar e sempre retorno no 5º dia de abstinência. Por isso, resolvi pesquisar mais sobre o tabagismo, seu tratamento e os adjuvantes que auxiliam no período mais crítico da abstinência, que são os primeiros 15 dias. E uma das indicações é que o fumante deve escolher um momento em que esteja longe do estresse do dia-a-dia, para evitar que alguma contrariedade faça-o fraquejar. Por isso escolhi o carnaval, viajei para uma praia belíssima aqui no interior da Bahia e escolhi o 1º dia de carnaval para fumar meu último cigarro (01/03/14). 

No 1º dia sem cigarro fiquei simplesmente alucinada, totalmente sem paciência. E olha que eu estava num lugar paradisíaco, longe dos problemas e na companhia de pessoas muito queridas (meu namorado e de um casal de amigos). Mas, mesmo assim estava irritada, me irritei com a trilha que demorava de chegar, com as praias que estavam lotadas, com a chuva fora de hora, definitivamente é insuportável o primeiro dia sem nicotina!
Antes de eu viajar, uma amiga minha havia me dado uns comprimidos de Bupropiona que haviam sobrado de uma época que ela precisou usar. Este medicamento é um antidepressivo indicado no tratamento do tabagismo e ela me disse que um amigo dela conseguiu parar de fumar com este medicamento. Entretanto, apesar de eu ser farmacêutica, não gosto de tomar medicamentos com ação no sistema nervoso central (os famosos "tarja preta"), devido ao potencial dessas drogas em causar dependência química. Por isso, como nunca na minha vida tomei um ansiolítico ou mesmo um antidepressivo, queria parar de fumar sem usar nenhuma outra droga para substituir a nicotina. Entretanto, vi que não sou tão forte assim.

Então, depois de me irritar com tudo, e antes que eu brigasse com meus companheiros de viagem, resolvi tomar um comprimido de bupropiona e em meia hora me senti melhor. A verdade é que não sei se foi efeito psicológico, já que este medicamento deve começar a ser ingerido 15 dias antes de parar de fumar. Só sei que me senti melhor, apesar de lembrar do cigarro o tempo inteiro.

E assim terminou meu 1º dia sem cigarro...


     Itacaré/BA, onde passei meu Carnaval...     






16 de mar. de 2014

Mudança no estilo de vida

Comecei este ano decidida a apagar de vez o cigarro da minha vida. 


E para alcançar esta meta, resolvi mudar meu estilo de vida! 
Todos nós sabemos que para ter uma vida saudável devemos adotar dois hábitos fundamentais (se quiser saber mais, clique aqui): 

 Alimentação saudável + atividade física



E foi isso que eu fiz! Há dois meses entrei na academia e comecei a ingerir alimentos saudáveis, afim de diminuir os prejuízos causados por esses 15 anos de tabagismo. 
Posso dizer com total segurança que isso ajudou muito para que eu desse o pontapé inicial para abandonar o cigarro. É extremamente importante inserir esses hábitos no dia-a-dia de quem quer parar de fumar.

Primeiro, quando começamos a praticar atividade física, percebemos o quão prejudicial é o cigarro para nosso corpo, pois logo percebemos que a nossa capacidade respiratória está reduzida. Além disso, a atividade física ajuda a repor os níveis dos hormônios responsáveis pelo prazer, que estão reduzidos devido a ausência da nicotina. Por isso, hoje pratico yoga, pilates e musculação, e tento ir todos os dias na academia para liberar o estresse deste momento inicial da abstinência.

Por outro lado, mudei completamente minha alimentação. Inseri uma grande variedade de frutas, verduras, leguminosas e cereais em minha dieta diária. E esta atitude é essencial para quem almeja parar de fumar. Isso porque estes alimentos são importantes fontes de vitaminas necessárias para a proteção contra doenças causadas pelo tabagismo.
Além do mais, uma consequência do abandono do tabaco é o aumento de peso, já que o indivíduo recupera o cheiro e o sabor dos alimentos, e também passa a descontar na comida a ansiedade aumentada devido a ausência da nicotina. Além disso, um dos efeitos da nicotina é reduzir o apetite, portanto, a falta dela irá fazer com que o indivíduo coma mais. Por isso, é essencial inserir uma alimentação saudável e balanceada neste período de abstinência.

Um mês após adotar estes dois novos hábitos em minha vida, me senti segura para enfim: PARAR DE FUMAR! E então, no dia 1º de março, em pleno sábado de Carnaval, fumei meu último cigarro. E, na próxima postagem, falarei o que passei na primeira semana de abstinência e o medicamento que utilizei para ajudar nos primeiros dias...


Como parar de fumar?


 Ilustração extraída da página do facebook: Diário do ex-fumante 

https://www.facebook.com/pages/Di%C3%A1rio-do-Ex-Fumante/296757267011628?fref=ts
               
Após a decisão de parar de fumar, surge a pergunta: O que vou fazer para abandonar o cigarro se o hábito de fumar já faz parte da minha vida e o cigarro é meu companheiro há tanto tempo? Acredito que esta seja a indaga da maioria dos fumantes.

A primeira vez que tentei parar foi "na tora". Mesmo sabendo que sou dependente química da nicotina há 15 anos, achava que na hora que realmente decidisse parar, iria conseguir. Doce ilusão...
Logo após meu aniversário de 30 anos, realizei minha 1ª tentativa de parar de fumar e não consegui ultrapassar 5 dias sem cigarro. Passei estes 5 dias enlouquecida de tanta ansiedade e no 5º dia cheguei na sala de aula tão estressada que quase matei meus alunos. Então, saí da faculdade e fui imediatamente comprar cigarro, antes que eu perdesse meu emprego.

A 2ª tentativa foi logo após a 1ª infecção na garganta que tive (das 4 que tive em menos de 1 ano). Passei 5 dias estressada e improdutiva, e simplesmente precisava trabalhar e preparar aulas, mas não conseguia. Por qual motivo? Concentração zero e total dispersão. Resultado: voltei a fumar!

Na 3ª tentativa, admiti minha impotência e resolvi buscar as alternativas existentes no mercado para o tratamento do tabagismo. Comecei pelo emplastro (adesivo) de nicotina, comprei aquele da fase 1, para quem fuma mais de 10 cigarros por dia. Sinceramente, não vi nenhuma diferença e voltei a fumar novamente no 5º dia. E assim foram as outras duas vezes seguintes que tentei largar o cigarro, quando minha garganta inflamava eu tentava parar, colocava o adesivo e no 5º dia sem cigarro, eu voltava a fumar...

Foi então que eu percebi que para abandonar o tabaco, eu teria que mudar meu estilo de vida, já que fumar um cigarrinho é um hábito que faz parte do dia-a-dia do fumante, faz parte de todos os momentos de sua vida. Isto quer dizer que não havia como deixar o cigarro sem mudar meus hábitos diários.
Após chegar à esta conclusão, realizei mais uma tentativa de parar de fumar, na qual hoje completo 15 dias sem cigarro. Falarei sobre isso na próxima postagem...

Por que parar de fumar?

Para a maioria das pessoas a resposta desta questão é tão óbvia, já que hoje o mundo todo sabe e a ciência já cansou de comprovar os males causados pelo tabagismo.

Hoje, todo fumante entende que deve parar de fumar e sabe o porquê, mas nenhum gosta de ouvir as famosas frases: "larga este cigarro, isso faz mal"; "tão bonita e fuma"; "você é tão nova, pára de fumar"; "menina, você vai morrer"; e tantas outras frases típicas de quem nunca fumou e não sabe o prazer de fumar um cigarro. É tão chato ouvir isso das pessoas, dá vontade de mandar ir à m****...
Se soubessem o quão cansativo é para o fumante escutar essas frases, certamente não abririam a boca para proferir essas "palavrinhas de apoio". Se fosse assim tão fácil, a indústria do tabaco já estaria falida, não é mesmo? Esta atitude dos não-fumantes é semelhante à de um vegetariano que tenta convencer o mundo a não comer mais carne.

O livre arbítrio por vezes é esquecido, as pessoas se acham no direito de se intrometer na vida do outro e esquecem de olhar para seu umbigo. Quem não fuma esquecesse que não é apenas o cigarro que faz mal à saúde. Má alimentação, excesso de álcool (mesmo que apenas nos finais de semana), sedentarismo e tantas outras questões, também podem causar problemas cardiovasculares, envelhecimento celular e até mesmo o tão temido câncer.

Então, se todo fumante sabe o mal que está causando à sua saúde, qual é o momento ideal para decidir parar de fumar? Normalmente, a vontade de parar surge quando os malefícios são superiores ao prazer.
Comigo foi assim... quando o pigarro começou a incomodar de verdade, aparecendo insistentemente na hora de dormir ou no trabalho, esse foi o primeiro momento em que pensei: "Está na hora de parar de fumar". A partir daí, não faltaram motivos para deixar o tabaco...

Ano passado, quando completei 30 anos decidi: "Vou acabar com esse cigarro, antes que ele acabe comigo"! Isso já tem quase um ano. De lá pra cá tentei parar umas 5 vezes, mas sempre voltava a fumar no 5º dia. Nossa, como é difícil ficar sem a nicotina! Eu fumava um maço de uma vez pra repor sua ausência durante os 5 dias.
Durante todo esse tempo, apareceram vários fatores para reforçar a necessidade de parar de fumar. Comecei a sentir umas palpitações e o medo de morrer de infarto começou a surgir... ainda mais sabendo que nos últimos anos os índices de mortes por infarto aumentaram em mulheres e que os riscos do tabaco se elevam após os 30 anos, ou seja, tudo conspirando...

Tive infecção na garganta 4 vezes em menos de 1 ano, o que sugere uma baixa imunidade provocada pelo excesso de cigarro nos últimos 4 anos. Foi neste período que cheguei a fumar quase 20 cigarros por dia, o período da pós-graduação (mestrado e doutorado), que é um assunto pra outra postagem...
Além disso, os dentes já não são mais os mesmos (não quero perdê-los agora), muito menos a respiração é a mesma. Fôlego pra subir uma escada? Hã?!! O que está acontecendo com meu sistema respiratório?

Sem falar na parte estética, que deixei por último propositalmente devido ao grau de importância, mas sinceramente não quero envelhecer cedo!

Definitivamente, chegou a hora de parar de fumar! E o que não faltam são motivos para almejar isso... Mas, como conseguir esse propósito? No próximo post abordarei este assunto...


Por que parar de fumar?


Quando começou o vício?

Aos 15 anos coloquei meu primeiro cigarro na boca (aquele cigarro com sabor, conhecido como cigarro de bali). Foi numa festa, nem cheguei a tragar, apenas brinquei de soltar fumaça e achei aquilo sensacional, uma maravilhosa sensação de liberdade.

Até então não sabia qual era o efeito da nicotina, ainda não havia experimentado o tal prazer em fumar um cigarro, comentado por todos os fumantes. Nesta época, praticamente todos os adultos da minha família eram fumantes e eu já estava acostumada com o cheiro e a presença do cigarro em casa. Inclusive, conheci a nicotina na barriga da minha mãe, que fumou muito durante a minha gestação e me deixou de herança uma infância rica em problemas nos sistemas respiratório e imunológico, tais como asma e rinite alérgica.
Quando entrei na adolescência, por volta dos 12 anos, estes problemas de saúde foram desaparecendo e retornaram depois que comecei a fumar, o que não me impediu de ser fumante por 15 anos.
Então, é perceptível que não foi difícil começar a fumar. E a minha primeira tragada (aquela que faz a gente tossir parecendo que vai morrer) foi poucos dias após a tal festa, quando peguei o cigarro escondido no maço da minha mãe. E, logo após esta primeira experiência, veio o segundo cigarro, o terceiro, o quarto... neste momento, já havia sentido o delicioso prazer em fumar um cigarro, o tal relaxamento que todos os fumantes dizem sentir quando tentam justificar o porquê do vício.

Fumava nos finais de semana escondido da família ou quando ficava sozinha em casa. Até que fiz 18 anos, passei no vestibular, saí de casa e morando longe da família me senti totalmente livre. Sim, esta era a sensação que tinha ao fumar um cigarro, um sentimento de total liberdade e poder. Isto é tão contraditório, pois hoje me sinto tão dependente e sem poder sobre mim mesma.

Tenho exatos 15 dias sem colocar um cigarro na boca, o máximo que consegui ficar sem fumar até hoje.
Mas, por que eu decidi parar de fumar? É o assunto da próxima postagem...