18 de mai. de 2014

Síndrome de abstinência da nicotina - parte 1

Este post é para pessoas que tenham curiosidade em entender o que acontece com o nosso corpo quando resolvemos parar de fumar, é para quem quer saber quais efeitos fisiológicos causados pela nicotina e as consequências de sua retirada. A síndrome de abstinência desta droga provoca muitos efeitos e, para evitar que fique um texto grande e cansativo, resolvi dividir as postagens sobre este assunto. 

A nicotina é uma substância química (mais detalhes em link) que tem sua ação fisiológica por atuar em receptores específicos localizados em diversas células do nosso corpo. Estes receptores recebem o nome de nicotínicos e estão localizados no cérebro, glândulas, músculos e nervos, sendo responsáveis por regular diversas funções no nosso organismo.

No cérebro, os receptores nicotínicos, quando estimulados pela nicotina, induzem a liberação de diferentes neurotransmissores. A figura abaixo resume quais são esses neurotransmissores e algumas das funções que eles controlam:



Portanto, ao retirar a nicotina deixamos de "alimentar" estes receptores e então surgem alguns dos sintomas da crise de abstinência:
  1. Irritabilidade e mal-humor
  2. Aumento do apetite
  3. Falta de concentração
  4. Ansiedade
  5. Sonolência 
Entretanto, algumas pessoas têm insônia quando param de fumar, isso porque em doses mais elevadas a nicotina tem um efeito depressor, ou seja, induz o sono, e é por isso que, ao retirá-la, alguns têm dificuldade para dormir. Então, este efeito da abstinência em relação ao sono irá variar dependendo do número de cigarros que a pessoa fumava, bem como de outros fatores pessoais relacionados ao estilo de vida de cada um.

Ainda no cérebro, a retirada da nicotina provoca depressão e este sintoma foi abordado em outro post, veja neste link aqui.

Algumas pessoas podem perguntar: "Por que quem não fuma consegue produzir todos esses neurotransmissores sem precisar da nicotina?"...
Isso acontece porque todos nós temos esses receptores nicotínicos e produzimos endogenamente uma substância que os ativam, a acetilcolina. No cérebro, a acetilcolina é capaz de induzir impulsos elétricos que sinalizam a liberação de alguns destes neurotransmissores citados na figura acima.

Todos nós temos a capacidade de sintetizar acetilcolina, porém, a estimulação contínua destes receptores pela nicotina provoca a síntese de novos receptores e isso faz com que a acetilcolina que nós produzimos seja incapaz de satisfazer a maior quantidade de receptores que agora precisam ser ativados para produzir o mesmo efeito.
O aumento no número desses receptores induzido pela nicotina é um dos motivos pelo qual esta droga é altamente capaz de provocar dependência (em outro post sobre síndrome de abstinência, falarei mais sobre a fissura e o mecanismo de dependência da nicotina).

Uma curiosidade é que, quando estes receptores foram descobertos pelos cientistas, foram nomeados "receptores nicotínicos" exatamente pela capacidade da nicotina de ativá-los com altíssima especificidade, maior até que a própria acetilcolina que nós produzimos endogenamente. O que demonstra mais uma vez a elevada capacidade desta droga de provocar dependência química.

São muitos os efeitos fisiológicos da nicotina, aos poucos falarei sobre cada um deles.

*Caso alguém tenha curiosidade de saber sobre algum sintoma específico, ou mesmo se deseja saber mais detalhadamente sobre os mecanismos fisiológicos de algum dos sintomas, sinta-se à vontade para pedir. Farei o possível para esclarecer dúvidas sobre este assunto!


11 comentários:

  1. Caramba né.... O cigarro poderia apenas fazer aquilo descrito no quadrinho né? rsssssssssss. E pensar que eu fumava e nem imagina que o cigarro fazia TUDO isso no meu organismo.... Caraca.....

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nem fale, Deby... sempre falo isso: "Bem que o cigarro poderia não fazer mal à saude, né?!!" rsrs
      Infelizmente, nem tudo é perfeito né?
      Beijos

      Excluir
  2. O cigarro é um mal terrível. Graças a Deus meus parentes conseguiram largar o vício. Só falta convencer a minha vó de parar.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, Paulo. É um mal terrível e isso praticamente todo fumante sabe. O problema é que parar não é tão fácil assim, infelizmente.

      Excluir
    2. Eu tive uma experiência ruim na minha família. Meu pai ficou durante muitos anos lutando para parar, mas foi complicado. Na ápoca não sabia ao certo os motivos de tantas dificuldades, mas hoje, depois de ler sobre o assunto, entendo o que acontece com o corpo humano. Eu acho que mandei uma mensagem para você no G+, de qualquer forma deixa eu fazer uma pergunta.

      Você aceita autor convidado? Aceitaria um artigo meu sobre o cigarro no blog? É que sou jornalista e fiz uma reportagem em Londrina no começo deste ano. Me identifiquei bastante com esse seu texto em relação a minha reportagem.

      Excluir
    3. Oi Paulo, eu não vi a msg no G+
      É claro que aceito sua reportagem em meu blog, informações são sempre bem-vindas aqui :)
      Envie um e-mail para mim: ramos.milena@hotmail.com
      Pode enviar exatamente como queira que o publique.
      Obrigada pela visita!

      Excluir
    4. Que bom. Vou apenas atualizar algumas informações e logo mando o artigo mais atualizado para sua apreciação.

      Excluir
    5. Paulo, acabei de responder o seu email sobre minha apreciação.

      Excluir
  3. Hoje faz 1 mês que parei de fumar,nunca tive uma depressão como essa!amanhã volto no médico,não quero fumar mais,mas odeio esse mal estar!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A depressão faz parte, mas acredite... passa!
      Força, colega!!!

      Excluir

Acenda ou apague o cigarro e deixe aqui seu comentário: